A copeira Maria José Dantas Medeiros, 60, já sabe o que fará com os R$ 46 extras que passará a receber por mês em 2014 com o aumento do salário mínimo. “Vou comprar carne mais cara da próxima vez que for ao supermercado”, empolga-se.
Anunciado
pelo Governo Federal na última semana, o novo mínimo, que passará a ser
de R$ 724, entrará em vigor a partir do dia 1º de janeiro e vai
incrementar a renda no RN em R$ 657 milhões
Anunciado pelo governo federal na última semana, o novo mínimo, que passará a ser de R$ 724, entrará em vigor a partir do dia 1º de janeiro e deverá injetar R$ 657 milhões na economia do Rio Grande do Norte durante todo o ano de 2014, de acordo com um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado ontem.
Dinheiro que será pago pelos empresários, irá para o bolso dos trabalhadores, e acabará em supermercados ou estabelecimentos visitados por Maria José e outros 1,113 milhões de potiguares que têm o rendimento referenciado no salário mínimo.
Motivo de alívio para a copeira Maria José, que precisa se desdobrar em várias e fazer bicos nos finais de semana para complementar o orçamento, o aumento também é motivo de expectativa para o Comércio, que espera vender mais em 2014, em função do incremento da renda da população.
- Trabalhador considera valor baixo
Para Melquisedec Moreira, supervisor técnico do Dieese no RN, outros setores também serão beneficiados, como a indústria, que poderá produzir mais em função da nova demanda, e o Estado, que arrecadará mais com o crescimento do consumo.
Preocupação
Nem todos, porém, estão convencidos dos efeitos positivos do novo salário mínimo. Para Amaro Sales, industrial e presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), o aumento no contracheque de todos os operários está mais para uma preocupação do que para um estímulo à produção.
Segundo ele, o reajuste de 6,7%, em termos nominais, e de 1,18%, se considerado o aumento real, vai pesar nos custos da indústria e reduzir a competitividade do setor. Amaro não descarta a possibilidade dos industriais aumentarem o preço dos produtos ou demitirem funcionários, em função da alta dos custos. A mão de obra, justifica ele, está entre os três maiores custos das fábricas, ao lado da matéria-prima e da energia.
As Prefeituras também estão preocupadas, acrescenta Jaime Calado, prefeito de São Gonçalo do Amarante, e vice-presidente da Federação dos Municípios do RN (Femurn). O novo salário mínimo, de acordo com ele, deverá agravar a situação dos Municípios, sobretudo os menores, que dependem quase exclusivamente dos repasses da União, em baixa, para pagar os servidores. “Mais de 100 Municípios potiguares deixaram para pagar o salário de dezembro em janeiro de 2014 por falta de recursos. O aperreio é grande e deverá ficar ainda maior após esse aumento”, analisa.
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